terça-feira, 10 de maio de 2011

Exposição aborda as transformações dos vínculos sociais no espaço público e na natureza



( Fortaleza, Ceará, Brasil - Comunique-se - ) O Centro Cultural Banco do Nordeste-Fortaleza (rua Floriano Peixoto, 941 – Centro – fone: (85) 3464.3108) abrirá a exposição “Imagem e Espaço” no próximo dia 17 (terça-feira), às 18 horas. Gratuita ao público, a exposição ficará em cartaz até o próximo dia 17 de junho (horários de visitação: terça-feira a sábado, de 10h às 20h; e aos domingos, de 12h às 18h).
A partir do curso de Realização em Audiovisual, oferecido pela Escola Pública de Audiovisual da Vila das Artes, equipamento da Prefeitura de Fortaleza, foram selecionadas para a mostra quatro vídeo-instalações, que trabalham questões como: as transformações no espaço público e na natureza dos vínculos sociais, a partir do fenômeno da aceleração tecnológica e dos fluxos de informação e produção audiovisual; as dimensões simbólicas na relação imagem e espaço; realização de atividades teóricas e práticas e análise da diversidade de imagens, com ênfase na representação sobre a cidade e seus múltiplos espaços sociais.

A imagem como possível espaço humano (texto de Hugo Pierot) 
Como enquadrar aquilo que é humano? Como espacializar os desejos de felicidade, a busca de uma identidade ou sua constituição, a relação com o outro e a criação de um universo onde interagem personagens virtuais? Como construir um espaço em que, aquilo que é humano, sejam os sentimentos mais íntimos, o lúdico ou a descoberta de si e do outro, possam pulsar, tensionar e não apenas serem representados?
De uma forma ou de outra, os trabalhos apresentados na exposição Imagem e Espaço lidam com o problema de transformar em espaço habitável, tangível até, as relações estabelecidas com o outro, apontando, consequentemente, para as subjetividades de cada realizador, como numa via de mão dupla. 
Outro problema retomado talvez seja o de pensar o cinema como uma possibilidade para além da sala escura com cadeiras e tela de projeção, onde o espectador está imóvel (como no útero materno). 
Cada obra desta exposição lida com estas buscas de diferentes formas: seja por meio da criação de um ambiente imersivo (porém circulável, e convidativo à tatilidade); pela interferência direta do espectador e pela absorção/transformação/manipulação da iconografia cinematográfica; pela relação que se estabelece do eu com o eu-imagem; ou ainda pela tentativa de intervir no fluxo já pré-estabelecido das imagens na intenção de dar outras vozes e outros corpos midiáticos às pessoas comuns. 
Embora as obras aqui apresentadas se insiram em um contexto que, como disse Philippe Dubois, estabelece a “arte da experiência mais do que da contemplação, do fenômeno mais do que da essência, da presença mais do que da representação”, todas procuram lidar com a experiência do cinema, trazendo para a superfície da imagem aquilo que nela há de mais humano.

Sinopses das quatro vídeo-instalações
MACHINENBAD, de Leonardo Ferreira
Equipe: Lucas Carvalho, Júlio Figueroa, Gabriel Petter, Luziany Gomes, Elisa Ratts, Rodrigo Fernandes, Eduardo Pereira
Em uma instalação composta por três projeções cujas imagens dialogam, acompanhamos uma transcriação de “Ano Passado em Marienbad”, de Alain Resnais, filme no qual, num fluxo temporal e espacial fragmentado e não-naturalista, a dinâmica labiríntica dos encontros entre um homem misterioso e uma bela mulher desenvolve-se no interior de um luxuoso hotel. Nesta adaptação, porém, apenas modelos e cenários virtuais, baseados num jogo de videogame, são utilizados - um vídeo machinima. Enquanto a narrativa pré-editada é exibida em duas telas de imagens diferentes que se complementam, numa terceira podemos encarnar um dos personagens e manipular, em tempo real, o jogo, interagindo com cenários, objetos etc.

O QUE ME OLHA QUANDO ME VEJO, de Ticiana Lima
Equipe: Rafaela Diógenes, Drica Freitas, Rodrigo Fernandes, Luiza Pessoa, Raísa Christina, Natália Viana
A relação do 'eu' com o mundo é um processo de conquista. O ser humano precisa captar o entorno de si mesmo e ao mesmo tempo se fazer presente, ganhar existência. Ao travar conhecimento com o mundo, a pessoa busca mostrar seus atrativos, o melhor ângulo. Quem diz ao sujeito o que é o melhor de si? O espelho? Que espelho?

ENTRE O QUE ME MERECE E O QUE ME FAZ FELIZ, de Annádia Leite
Equipe: Amanda Pontes, Gláucia Barbosa, Andressa Back, Sarah Holanda, Hugo Pierot, Igor Vieira, Danilo Maia, Camila Vieira, Marina Mapurunga, Régis Andrade.
A escolha entre o que me merece e o que me faz feliz se dá pelo desejo. Ele que me move ao posicionamento em um desses lugares. Só se sabe como é a experiência a partir do momento em que ela é vivenciada ao longo do tempo. Minha convivência com o objeto de escolha quebra o ideal. E todo lugar, por melhor que aparente ser ou que seja de fato tem seus obstáculos. Não tive tempo para atestar que a outra opção fosse mais fácil, tranquila ou benéfica. O arrependimento da escolha parte da idealização. Posso modificar a opção, mas isso exige esforço para ultrapassar o comodismo, as exigências sociais, a confusão mental, as incertezas ou qualquer outra coisa. Fico me perguntando se é escolher com os olhos vendados e aceitar as decorrências disso. Talvez não, afinal o desejo se move através de todos os sentidos.

inTerVir, de Tiago Pedro 
Equipe: Natália Viana, Floriza Rios, César Mota, Daniel Bezerra, Davi Queiroz, Angélica Rodrigues, Eugênio Pacelli, Elisa Ratts, Denise Pereira, Washington Hemmes
O projeto vai criando espaços sensoriais de encontro subjetivos dos moradores do centro, onde a rotina da atual sociedade distancia pessoas do conhecimento do próximo. inTerVir vem como ferramenta de reflexão sobre essa questão, produzindo ondas UHF de afetividades e alteridade em peças midiáticas.

Rio: Bonito por natureza

Belos cenários cariocas retratados por antigos viajantes europeus e fotógrafos contemporâneos

Inspirado em Jorge Benjor, Bonito por natureza foi o título escolhido para a exposição de imagens que retratam o olhar amoroso para o Rio de Janeiro.  Juntar a beleza do passado e do presente como homenagem à cidade, demonstra que a visão dos antigos artistas no século XIX se mantém, e ainda é captada com novas tecnologias e a sensibilidade dos fotógrafos contemporâneos Almir Reis e Jaime Acioli.  O público pode confirmar que essa cidade continua linda, de 16 de maio a 19 de setembro, no Museu Chácara do Céu, em Santa Teresa.

Várias peças da Brasiliana (o termo engloba coleções de quadros, livros, objetos, imagens e documentos sobre o Brasil) fazem parte da coleção de Castro Maya (1894-1968). Algumas foram herdadas e outras adquiridas ao longo de sua trajetória como amante e mecenas das artes, com um interesse especial por obras que retratassem o Brasil histórico e que, através da ótica da sensibilidade estética européia, desvendavam o país e construíam uma interpretação do Brasil, com ênfase em sua capital.

Em homenagem a este amante do Rio que foi Castro Maya, o Museu Chácara do Céu selecionou obras de alguns pintores estrangeiros que se renderam às belezas da cidade, deixando marcas de seus personagens e da sua paisagem durante o século XIX.  São trabalhos de profissionais como os alemães Emil Bauch e Friedrich Hagedorn, ou de artistas amadores, como o inglês Richard Bate e o oficial naval norte-americano Melanchton Brooks Woolsey. Suas obras nos deixam a versão de um Rio de Janeiro visto e pensado pelo olhar do outro.

“No século XIX, armados de pincel e lápis, os pintores viajantes colheram os flagrantes do Rio que eternizaram na memória a grandiosidade da paisagem natural da cidade. No século XXI, são os fotógrafos que, armados de câmeras digitais, produzem as imagens que nos fazem acreditar que o Rio de Janeiro continua lindo; O Rio de Janeiro continua sendo; O Rio de Janeiro, fevereiro e março”, segundo a curadora da exposição, Anna Paola Baptista.

Em uma visão contemporânea e atualizada, são apresentadas as fotografias de Almir Reis e Jaime Acioli. Almir tem mais interesse nas paisagens e tipos urbanos, manipulando digitalmente as imagens a fim de sublinhar suas intenções. Tendo como cenários certos ícones cariocas, é possível perceber a presença do fotógrafo como narrador que confere sentido de movimento à imagem. Jaime tem formação em Agronomia, e é profundamente interessado nas questões da natureza, dedicando-se a um trabalho serial de elementos naturais em seu habitat e em estúdio.  Tal qual Claude Monet, que passou os últimos 30 anos de vida abrindo a porta de casa e pintando o próprio jardim, Jaime fotografa a mesma paisagem na mesma hora do dia, mostrando a cidade mais entregue à natureza do que às pessoas.

“Ao apresentarmos aqui uma seleção de nossa coleção de Brasiliana, ao lado das fotografias contemporâneas de Almir Reis e Jaime Acioli, oferecemos ao público uma mostra em que passado e presente dialogam através das imagens”, declara Vera de Alencar, diretora dos Museus Castro Maya.

A inauguração da exposição, dia 16 de maio, se dará durante a 9a Semana de Museus- Museu e Memória.

Sobre os Museus Raymundo Ottoni de Castro Maya

Castro Maya criou a Fundação Raymundo Ottoni de Castro Maya em 1962, tendo como sede sua antiga residência no Alto da Boa Vista aberta ao público em 1964 como Museu do Açude. Em 1968, doou à fundação a sua residência de Santa Teresa – Chácara do Céu – com todo seu acervo histórico-artístico, visando a criação de outro museu. Em 1983, a Fundação Raymundo Ottoni de Castro Maya foi incorporada pelo Governo Federal. O tombamento dos prédios ocorreu em 1974 e neles estão, em exposição permanente, as 22 mil peças dessa rica herança ao povo carioca.

Museu da Chácara do Céu

A casa de Santa Teresa, herdada por Castro Maya em 1936, tornou-se Museu Chácara do Céu, um dos mais belos locais da cidade do Rio de Janeiro, onde o visitante encontra arte européia e brasileira dos séculos XIX e XX.  São pinturas, desenhos e gravuras de artistas consagrados como Matisse, Picasso, Dali, Seurat, Miró; uma coleção de arte brasileira, formada principalmente por trabalhos de artistas modernos, entre eles Guignard, Di Cavalcanti, Iberê Camargo, Antonio Bandeira, além de importante conjunto de obras de Portinari, hoje considerado o maior acervo público desse artista.  A coleção de Brasiliana, uma das mais expressivas, inclui mapas dos séculos XVII e XVIII, pinturas a óleo, aquarelas, guaches, desenhos e gravuras de viajantes do século XIX, como Rugendas, Chamberlain e Taunay, destacando-se os mais de 500 originais de Jean-Baptiste Debret, adquiridos em Paris, em 1939 e 1940. 

SERVIÇO:
Exposição "Bonito por natureza: Rio ontem e hoje", de 16 de maio até 19 de setembro
Diariamente, exceto terças-feiras, das 12 às 17 horas
Ingresso: R$ 2,00
Gratuidades: maiores de 65, menores de12, grupos escolares em visita programada, membros do ICOM, professores e guias de turismo em serviço
Quartas-feiras: gratuito para todos

Museu da Chácara do Céu
Rua Murtinho Nobre 93, Santa Teresa RJ
21 - 3970 1126
estacionamento no local
www.museuscastromaya.com.br

HEREROS ANGOLA


 Mostra de 100 fotos de Sérgio Guerra, com curadoria de Emanoel Araujo,
revela o modo de vida e as tradições do mítico povo africano
dentro das comemorações do Ano Internacional dos Povos Afrodescendentes
 No Museu Afro Brasil, a partir de 12 de maio

Pouquíssimas pessoas conhecem tão bem Angola quanto o fotógrafo pernambucano Sérgio Guerra. Responsável pela comunicação do governo angolano, há quase 15 anos ele vive na ponte-aérea Salvador-Luanda. Daí nasceu uma relação de amor profundo com o país africano, dando origem a um dos mais completos registros fotográficos das 18 províncias angolanas e de suas populações, o que resultou em cinco livros. O mais recente, Hereros, é aquele no qual Guerra aprofunda seu olhar sobre a cultura daquele país e a matéria prima para a grande e inédita exposição ‘Hereros Angola’, com cerca de 100 fotos selecionadas pelo artista plástico e curador Emanoel Araujo, que abre em 12 de maio, no Museu Afro Brasil, instituição da Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo (Parque do Ibirapuera, Portão 10, telefone: 11.3320.8900 –www.museuafrobrasil.org.br). A mostra se insere na programação do Museu Afro Brasil, comemorativa do Ano Internacional dos Povos Afrodescendentes, declarado pela Assembléia Geral das Nações Unidas.
Após ter sido realizada em Luanda e Lisboa, em 2009, com ampla repercussão, a mostra Hereros Angola ganha novos contornos e dimensão maior para exibiçãoem São Paulo. Sérgio Guerra realizou mais viagens ao deserto do Namibe, produziu novas fotos, fruto do estreitamento das relações com os Hereros.
Além das fotografias, em diversos formatos, algumas plotadas em grandes formatos, a mostra inclui uma cenografia que reúne vestimentas, adereços e objetos de uso tradicional e ritualístico da etnia. Hereros – Angola traz ainda vídeos de depoimentos colhidos entre os sobas (líderes), mulheres e jovens sobre a sua cultura e a forma como encaram a vida. Parte integrante da mostra sãocantos ritualísticos captados entre estes povos. repertório de imagens, depoimentos e sons reunidos levarão o expectador ao universo  destes pastores de hábitos seminômades, que são exemplo da perpetuidade e resistência de uma economia e cultura ancestrais ameaçadas pelo acelerado processo de modernização e ocidentalização dos países africanos.  
A realização da mostra em São Paulo, no Museu Afro Brasil, ao tempo em que homenageia Angola de forma peculiar, fecha a triangulação entre África, Portugal e Brasil, bases da formação cultural do povo brasileiro.
A exposição é viabilizada graças ao patrocínio exclusivo da UNITEL, empresa de telefonia móvel angolana que está a ligar a cultura de Angola ao mundo.
Sérgio Guerra e os Hereros
O contato inicial de Sérgio Guerra com os hereros causou impacto imediato no artista. ‘“Quando os vi pela primeira vez, foi como se uma porta da minha percepção tivesse sido aberta para algo que sabia existir, mas hesitava em acreditar”, recorda.  O ano era 1999, quando ocorreu uma viagem às províncias de Huíla e Namibe para as gravações do programa Nação Coragem, que levava aos angolanos noticiário de atualidades e informações sobre a cultura do país e suas populações. Ali, Guerra registrou imagens dos mukubais, um dos subgrupos dos hereros. Sete anos depois, retornou ao Namibe e descobriu outros subgrupos: os muhimbas, os muhacaonas, os mudimbas e os muchavícuas. ‘Comecei a entender que aqueles povos, apesar da aparência diferente, eram todos da mesma raiz, da mesma família”, explica.
Na convivência com os hereros, Guerra percebeu que os próprios angolanos sabiam muito pouco sobre essa etnia e sequer conseguiam distingui-los. “Descobri que, para além da minha atração por estes povos, poderia ser útil, de alguma maneira, se pudesse partilhar com um número maior de pessoas tudo aquilo que me foi dado a conhecer sobre eles”.
Os hereros se dividem entre Angola, Namíbia e Botsuana, totalizando mais de 240.000 representantes da etnia. Apesar dos subgrupos, todos falam o mesmo idioma, o herero, além de português em Angola, inglês em Botsuana e inglês e africâner na Namíbia. São um povo mítico, com uma história marcada por sangue. EM Angola, resistiram à colonização portuguesa. Na Namíbia, resistiram à escravidão e se opuseram à dominação alemã, ação que os tornou vítimas de um dos maiores genocídios da história. Em 1904, o general Lothar von Trotha ordenou às tropas alemãs o cumprimento de uma “ordem de extermínio” e dizimou cerca de 80 % da população dos hereros. 
Para conhecer mais de perto o modo de vida dos hereros, Guerra passou uma temporada vivendo dentro das comunidades e observando suas práticas cotidianas. “Vi que, mesmo diante da escassez, dividem sempre o alimento com os demais. Vi que cultivam a solidariedade, que evitam o personalismo e o egocentrismo, que praticam uma economia familiar de grande inteligência, sempre voltados para a ampliação de um patrimônio cujo usufruto é sempre coletivo. Vi que honram e festejam os seus antepassados. Vi que praticam com grande eficácia a justiça, coibindo infrações com pesadas multas que, a um só tempo, são prejuízo econômico e reprimenda moral”.
A convivência com os hereros fez Guerra perceber que, apesar de sua lógica de vida muito particular, eles já não vivem tão isolados e lidam com alguns mecanismos que caracterizam o que se costuma chamar de civilização. “Eles fazem comércio, já freqüentam escolas, consomem álcool, locomovem-se entre a aceitação e a recusa de tudo isso. Desde o século passado, pelo menos, eles já mantinham contato intenso e compulsório com a sociedade moderna e com o homem branco”, explica.
O trabalho que resultou no livro, na exposição e no futuro documentário Hereros Angola teve início em junho de 2009, quando Guerra viajou para as províncias do Namibe e Kunene, acompanhado por 17 pessoas. Foram 60 dias de documentação dos hábitos e costumes dos hereros, resultando em mais de 10 mil imagens e uma centena de depoimentos. De lá para cá, somaram-se mais de 10 viagens e pelo menos mais 10 mil imagens. “Nesse registro, a imagem e palavra pertencem aos hereros e eles não podem ser subestimados. Subestima-os os que desejam catequizá-los, redimi-los, salvá-los da suposta ignorância, como também os que deles se aproveitam intencionalmente e de má fé”, afirma. ‘Eles não se negam à reflexão, ao diálogo e à mudança, pois muito já tiveram que mudar ao longo do tempo. Já não são iguais aos seus antepassados. “Mas desejam, contudo e apesar de tudo, que possam trilhar um caminho que não os leve obrigatoriamente à completa descaracterização da sua economia e cultura”, finaliza.
O autor
Fotógrafo, publicitário e produtor cultural, Sérgio Guerra nasceu em Recife, morou em São Paulo e no Rio de Janeiro, até se fixar na Bahia nos anos 80. A partir de 1998, passou a viver entre Salvador, Rio de Janeiro e Luanda, onde desenvolve um programa de comunicação para o Governo de Angola. Em suas constantes viagens pelo país, testemunha momentos decisivos da luta pela paz e reconstrução, constituindo um dos mais completos registros fotográficos das 18 províncias angolanas. Seu acervo fotográfico propiciou a publicação dos livros 'Álbum de família', 2000, 'Duas ou três coisas que vi em Angola', 2001, 'Nação coragem', 2003, 'Parangolá', 2004, 'Lá e Cá', 2006, 'Salvador Negroamor', 2007, ‘Hereros-Angola’, 2010 e a montagem das exposições 'As muitas faces de Angola' (Brasília, Salvador, São Paulo, em 2001); 'Nação Coragem' (São Paulo, em 2003, e Zimbabwe, em 2008); 'Lá e Cá' (realizada na Feira de São Joaquim, a maior feira livre da América Latina, tendo as bancas dos comerciantes como suporte da exposição, Salvador, 2006); 'Salvador Negroamor' (destacou-se como a maior exposição fotográfica  a céu aberto que se tem registro até hoje, com aproximadamente 1500 painéis espalhados na cidade, Salvador, 2007); 'Mwangole' (Salvador, 2009); e 'Hereros-Angola' (Luanda e Lisboa, 2010).
O curador
Emanoel Araújo é escultor, desenhista, gravador, cenógrafo, pintor, curador e museólogo, nascido em Santo Amaro da Purificação, na Bahia, a 15 de novembrode 1940. Em Salvador, formou-se em Belas Artes e foi diretor do Museu de Arte da Bahia. Lecionou artes gráficas, desenho, escultura e gravura na City College University of New York. Em Brasília, foi membro da Comissão dos Museus e do Conselho Federal de Política Cultural, instituídos pelo Ministério da Cultura. Já em São Paulo, foi Secretário Municipal de Cultura, e Diretor da Pinacoteca do Estado, onde liderou uma gigantesca reestruturação nos anos 90, transformando o prédio em um dos principais museus do país e um dos roteiros turísticos culturais da cidade.
Emanoel Araújo é considerado um extraordinário escultor e já realizou várias exposições individuais e coletivas por todo o Brasil, Europa, Estados Unidos e Japão. Como não podia deixar de ser, recebeu diversos prêmios em todas as técnicas trabalhadas. Suas obras tridimensionais se destacam pelas grandes dimensões, pelos relevos e pela formas integrantes nas edificações urbanas. Seu estilo – mesmo sendo único – dialoga com movimentos artísticos de toda a história, mas sempre com ênfase nos detalhes que descrevem e valorizam as características africanas.
Hoje, é Diretor Curador do Museu Afro Brasil, do qual foi idealizador e doador de grande parte do acervo.
Sobre o Museu Afro Brasil
O Museu Afro Brasil, instituição da Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo, é um espaço de preservação e celebração da cultura, memória e da história do Brasil na perspectiva negro africana, assim como na difusão das artes clássicas e contemporâneas, populares e eruditas, nacionais e internacionais.

Localizado no Parque Ibirapuera, em São Paulo, foi inaugurado em 23 de outubro de 2004 e possui um acervo de mais de 5 mil obras. Parte destas obras, cerca de 2.100, foram doadas à Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo pelo artista plástico e curador, Emanoel Araujo, idealizador e atual Diretor-Curador do Museu. A biblioteca do museu, cujo nome homenageia a escritora, "Carolina Maria de Jesus", possui cerca de 6.800 publicações com especial destaque para a coleção de obras raras sobre o tema do Tráfico Atlântico e Abolição da Escravatura no Brasil, América Latina, Caribe e Estados Unidos. A presença negra africana nas artes, na vida cotidiana, na religiosidade, nas instituições sociais são temas presentes na biblioteca.

O museu mantém um sistema de visitação gratuita para todas as exposições e atividades que oferece; um Núcleo de Educação com profissionais que recebem grupos pré-agendados, instituições diversas, além de escolas públicas e particulares. Através do Núcleo de Educação também mantém o programa "Singular Plural: Educação Inclusiva e Acessibilidade", atendendo exclusivamente pessoas com necessidades especiais e promovendo a interação deste público com as atividades oferecidas.

Em 2009, a Associação Museu Afro Brasil, que administra o museu tornou-se uma das Organizações Sociais ligadas à Secretaria de Estado da Cultura.  A gestão compartilhada do Museu Afro Brasil atende a uma resolução da Secretaria que regulamenta parcerias entre o governo e pessoas jurídicas de direito privado para ações na área cultural.
Secretário de Estado da Cultura: Andrea Matarazzo
Diretor Curador: Emanoel Araujo
Diretor Executivo: Luiz Henrique Marcon Neves
Endereço: Av. Pedro Álvares Cabral, s/ nº
Parque Ibirapuera- Portão 10
São Paulo- SP - Brasil
CEP: 040094-050
Fone: 55 11 3320-8900

Exposição Hereros Angola - Serviço
Abertura: 12 de maio de 2011, quinta-feira, às 19h30
Duração: 12/05 a 24/07 
Museu Afro Brasil – (Av. Pedro Álvares Cabral, s/ nº, Parque Ibirapuera- Portão 10 - Fone: 11 3320-8900 - www.museuafrobrasil.org.br )
Terça-feira a domingo, das 10h às 17h - Entrada gratuita

LIMA BARRETO


A Coleção Retratos do Brasil Negro traz a biografia de um dos maiores escritores brasileiros. Autor de grandes clássicos da literatura nacional, produziu romances, novelas, contos, crônicas e diários. Vítima de preconceito por ser negro e pobre, só teve a obra reconhecida décadas após sua morte.
Afonso Henriques de Lima Barreto (1881-1922) entrou para a galeria dos escritores "malditos" ao usar uma linguagem coloquial e criticar abertamente a sociedade hipócrita e racista de sua época. Autor de obras-primas como Triste fim de Policarpo Quaresma e Recordações do escrivão Isaías Caminha, ele foi duramente rechaçado pelos críticos. No livro Lima Barreto (128 p., R$ 22,00), sétimo volume da Coleção Retratos do Brasil Negro, da Selo Negro Edições, o pesquisador Cuti, pseudônimo de Luiz Silva, analisa a produção do escritor e mostra a atualidade dos problemas que ele apontou no início do século XX. "Ainda hoje, seus livros travam uma luta contra as forças de exclusão social, muito poderosas no Brasil. Elas interferem na cultura, em especial nas artes, que têm o poder de alimentar nosso imaginário", afirma o autor. O lançamento acontece nesta quinta-feira, dia 12 de maio, das 19h às 21h30, na Livraria Martins Fontes, que fica na Av. Paulista, 509 (próximo à estação Brigadeiro do metrô).

Considerado um dos representantes máximos do pré-modernismo brasileiro, Barreto criou personagens inesquecíveis, como o quixotesco major Quaresma e a ingênua Clara dos Anjos. Seus escritos sempre denunciaram o papel marginal a que negros e negro-mestiços eram relegados em sua época. Crítico do racismo, da burocracia, da corrupção, sofreu, ao longo de sua vida, diversos preconceitos, aos quais respondeu com uma obra vigorosa. A lucidez com que retrata os primeiros anos do século XX tornou-se fonte de amplas reflexões para educadores, pesquisadores, militantes do movimento negro e todos aqueles envolvidos na construção de um Brasil mais solidário.

Dividido em três partes, o livro destaca vários aspectos da obra barreteana, abordando também as manifestações que ela provocou e ainda é capaz de provocar. Analisando a consciência crítica do escritor, Cuti mostra que ele experimentou um ângulo de visão social muito diferenciado em sua época. Na sua avaliação, a obra de Barreto ajuda a fazer analogias entre o passado e o presente e pode causar um verdadeiro incômodo intelectual e emotivo.

Além da prosa de ficção, Barreto escreveu artigos e crônicas publicados em jornais e revistas, abordando temas intrigantes e polêmicos, como: corrupção na política, violência contra a mulher, ostentação social, futebol e violência, parcialidade da imprensa, literatos esnobes e hermetismo, entre outros. "Ele nos deixou um amplo e pulsante painel da vida cotidiana de seu tempo, alcançando-nos com sua capacidade de revelar e problematizar questões perenes, universais e aquelas para as quais o povo brasileiro ainda não conseguiu encontrar solução", avalia Cuti.

Os capítulos mostram que a obra de Barreto transgride a noção de literatura como imitação de modelos. Segundo o pesquisador, ela se afasta do propósito de arte literária evasiva, de fuga da realidade por parte do escritor e do leitor. "Seus textos impactam porque atuam no sentido oposto. Buscam expressar a realidade. Por isso, ele desrespeitou regras, sobretudo as dos gêneros e padrão de linguagem", afirma, lembrando que, além de produzir literatura, o escritor também refletiu e escreveu sobre ela.

"O autor das Bruzundangas foi um prosador bastante cuidadoso quanto ao batismo de seus livros", destaca Cuti. Seu humor, pelo viés da ironia, levou-o a escolher títulos e nomear personagens de maneira muito particular, remetendo o leitor à criação de expectativas sobre o que lhe será narrado. Os temas abordados pela obra de Barreto são inúmeros. Atento ao noticiário local e a informações sobre os acontecimentos mundiais, ele foi um escritor prolífico. O capítulo "Atualidade temática" destaca dois temas por sua perenidade e suas consequências para a vida do país: racismo e futebol. "Eles servem para comprovar que a presença do autor se justifica no cânone nacional como consciência crítica das mais relevantes", complementa.

Retratos do Brasil Negro

Coleção Retratos do Brasil Negro, coordenada por Vera Lúcia Benedito, mestre e doutora em Sociologia/Estudos Urbanos pela Michigan State University (EUA) e pesquisadora dos movimentos sociais e da diáspora africana no Brasil e no mundo, tem como objetivo abordar a vida e a obra de figuras fundamentais da cultura, da política e da militância negra. Outros volumes: Abdias Nascimento, João Candido, Lélia Gonzalez, Luiz Gama, Nei Lopes e Sueli Carneiro.

O autor

Cuti, pseudônimo de Luiz Silva, nasceu em Ourinhos (SP) e mora na capital paulista. Formado em Letras pela Universidade de São Paulo (USP), é mestre em Teoria da Literatura e doutor em Literatura Brasileira pelo Instituto de Estudos da Linguagem (IEL) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Foi um dos fundadores da organização literária Quilombhoje e um dos criadores e mantenedores da série Cadernos Negros. É autor, entre outros, dos seguintes livros: Poemas da carapinha (1978); Quizila (1987, contos); Dois nós na noite e outras peças de teatro negro-brasileiro (1991); Negroesia (2007, poemas); Contos crespos (2008); Moreninho, neguinho, pretinho (2009, ensaio); Poemaryprosa (2009, poemas); Literatura negro-brasileira (2010).

Título: Lima Barreto - Coleção Retratos do Brasil Negro
Autor: Cuti
Coordenadora da coleção: Vera Lúcia Benedito
Editora: Selo Negro Edições
Preço: R$ 22,00
Páginas: 128 (12,5 x 17,5)
ISBN: 978-85-87478-51-1
Atendimento ao consumidor: 11-3865-9890
Sitewww.selonegro.com.br

segunda-feira, 9 de maio de 2011

VIº Colóquio Ensino Médio, História e Cidadania

Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC) - Florianópolis - SC
De 17 a 19 de agosto de 2011
O link do VIº Colóquio Ensino Médio, História e Cidadania pode ser acessado em:http://www.ensinomedio.faed.udesc.br
Coordenação: Prof. Norberto Dallabrida 

Ministério da Cultura - Lélia Abramo 100 anos


A Representação São Paulo do Ministério da Cultura convida a todos para os eventos desta semana das homenages ao Centenário Lélia Abramo:

 

·         Hoje, às 20h, no teatro de Arena Eugênio Kusnet, leitura dramática de "Mãe Coragem e Seus Filhos", de Bertolt Brecht. Apresentação em homenagem ao ator e dramaturgo Zé Renato, idealizador do Teatro de Arena, falecido dia 02 de maio em São Paulo.

 

·         Quarta-feira, às 20h, na Cinemateca Brasileira, exibição do filme "O Comprador de Fazendas", de Alberto Pieralisi (1974)

 

Debate sobre a Comuna de Paris começa nesta terça-feira

Debate sobre a Comuna de Paris começa nesta terça-feira


Acontece a partir desta terça-feira (10), às 19h30, a 7.ª edição da Jornada de História da Universidade Guarulhos (UnG). O evento debaterá
os 140 anos da Comuna de Paris. O primeiro encontro será realizado em Itaquá. No dia 11, o tema será apresentado em Guarulhos.


Foram convidados os professores Antonio Rago, cientista político e doutor em História, e Henri de Carvalho, historiador e mestre em História Social.

A participação será aberta a todos os interessados. A entrada é franca.

Serviço
Unidade Itaquá
Av. Uberaba, 251, Vila Virgínia, Itaquaquecetuba

Unidade Guarulhos-Dutra
Av. Anton Philips, 01, Vila Hermínia, Guarulhos


https://www.amazon.com.br/b/ref=as_li_ss_tl?ie=UTF8&node=17168019011&linkCode=ll2&tag=A19CP32JCSRLOQ&linkId=01fc9732c02565116e2c98be2526c454