quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Exposição do artista José Patrício mostra como matemática organiza e até dirige a vida contemporânea

FORTALEZA, 05.08.2010 – O Centro Cultural Banco do Nordeste-Fortaleza (rua Floriano Peixoto, 941 – Centro – fone: (85) 3464.3108) abrirá na próxima terça-feira, 10, às 19 horas, a exposição individual "O Número", do artista pernambucano José Patrício, com curadoria de Paulo Herkenhoff, dentro da programação do IV BNB Agosto da Arte.

Na abertura da mostra, acontecerá uma troca de ideias do artista e do curador com o público presente. Com entrada franca, a exposição fica em cartaz até 30 de setembro deste ano (horários de visitação: terça-feira a sábado, de 10h às 20h; e aos domingos, de 10h às 18h).

 

José Patrício, um artista do Número

José Patrício é um artista do Número. Com jogos de dominó e dados, quebra-cabeças ou grandes quantidades de objetos, como botões e contas de colar, ele cria sua linguagem do número. No entanto, é necessário olhar mais adiante. Estamos diante de jogos, de regras, códigos, quantidades, formas, sólidos geométricos, o zero e o ilimitado. A matemática organiza e até dirige a vida contemporânea. Na sociedade moderna, tudo é número: os cálculos de nossa vida, movimentos da sociedade são medidos (como a opinião), na política (o voto), sem falarmos da economia (a produção, o acúmulo etc.) e da ciência.

Esta exposição nos lança algumas questões: em termos da filosofia, qual a relação do número com a verdade? Os números mentem ou são os homens que mentem através da manipulação dos números?

Qual a relação, nos dominós, entre cor e número? Isso é pintura, quando a cor e o número formam um discurso se tornam signo da comunicação? Uma coleção de botões azuis e outra de botões vermelhos se referem ao Pastoril: como a cor pode ser um símbolo? Como percebemos o mundo através de nossos sentidos? Um trabalho com 46.872 pregos nos faz pensar no som ou nos convida ao toque? Como percebemos dominós em algumas obras se ali não existe qualquer pedra de dominó?

O que é o acaso e o controle em nossa experiência cotidiana, o que são jogos com números? O que é o caos dos números? O número nos oferece estabilidade? Quando colecionamos alguma coisa, esse movimento de juntar tem fim? Mesmo que a quantidade de uma coisa tenha fim, o número é infinito? Como experimentamos a ideia de infinitude em nossa existência? Seria isso uma relação com a vida e a morte?

Seria eu o Um, o Outro o Dois e mais um Outro o Três? O que isso significa na vivência do sujeito da linguagem? Onde está o Zero nesses jogos? O que é o Zero? É a ausência? A falta? Vivemos, como seres humanos, sempre uma ideia de falta? Seria a falta o que nos levou a construir a linguagem? É o que nos leva ao Outro? Seria a falta o próprio eu de cada um de nós? Em suma, entregar-se à obra de José Patrício é um convite ao jogo entre o olhar, a sensibilidade e a inteligência.  (texto do curador Paulo Herkenhoff)

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